
Isto aqui já parece o corpo nacional de escutas!
Ora vejam lá quem é que apanhámos numa escuta antes da última assembleia geral extraordinária.
Legenda/Elenco:
CV - Constantino Veiga
AA - Armando Abreu
AM - Armando Marques
Todos - Paz, pão, polvo e liberdade...
AM - Já chega! Vamos lá avançar com isto!
AA - Eu, para começar, queria saber como foi que o sr. tesoureiro se enganou nos quinhentos euros... é que agora temos de fazer nova assembleia!
AM - Eu não me enganei. Quem se enganou foram as meninas... não é verdade arquitecto?
CV - Claro. Obviamente...
AM - É que agora apanhamos com a oposição em cima.
AA - O que era perfeitamente escusado... não é verdade sr. presidente?
CV - Ora... obviamente...
AA - Eu, que sou o que tenho mais traquejo nestas andanças, posso afirmar que nunca em Vieira do Minho isto me tinha acontecido. Nem em Creixomil, onde fui responsável muitos anos.
AM - Ora sr. Abreu... escusa de vir sempre falar da sua experiência. Já percebemos que o sr. está na idade de reforma... não é verdade sr. presidente?
CV - Claro. Obviamente...
AM - Já me começa a irritar este obviamente. Não sabe dizer outra coisa?
AA - Ele diz isto porque não ouve nada do que estamos a dizer. Não é sr. presidente?
CV - Ora... obviamente...
AM - Ó sr. Abreu: ligue a porcaria da aparelhagem, se não não saímos daqui hoje...
AA - Ligue você que está mais perto! Porque hei-de ser eu? Eu sou secretário, não sou electricista nem técnico de som...
AM - Mas é o braço direito e o braço esquerdo do presidente... por isso...
AA - O sr. nunca gostou muito que ele dissesse isso... é por isso que eu agora nem falo nas Assembleias, não é presidente?
CV - Claro. Obviamente...
AM - Bem, sr. Abreu, como é? Vamos preparar as coisas para a assembleia ou não?
AA - Para quê... eles não vêem nada. Até parece o PSD nos mandatos do Remigio. Ele fazia o que queria... Agora é a nossa vez!
AM - Bom... mas quem andou de mãos dadas com o Remigio foram vocês os dois e não eu. Não é verdade, presidente?
CV - Ora... obviamente...
AM - Além disso, não andam para aí a dizer que vou mudar nas próximas eleições para o PS... algo que o sr.... Não é verdade presidente?
CV - Claro. Obviamente...
AA (em altos berros virado para CV) -Obviamente, obviamente, obviamente! Não sabe dizer mais nada!?! Só sabe dizer obviamente?
CV - Obviamente que não. Obviamente que sei dizer mais coisas além do obviamente. Obviamente que sei, ora bolas.
AA (ainda aos berros) - Então diga! Ajude-nos a tomar alguma decisão sobre isto! Que vamos fazer?
CV - Comer! Estamos aqui há tanto tempo e não falamos de nada... Por isso vamos comer. Pode ser no Manel dos Boémios. Até porque pode lá estar o Capela e vocês perguntam-lhe o que é que ele acha...
AM - Capela? Mas o Capela não é do PSD...
AA - Também o arquitecto não é... e no entanto... e o presidente da assembleia também não. E está com a Junta...
AM - Esse nunca sei o que quer. Parece que se quer dar bem com todos.
CV – Então? Vamos comer ou não? É preciso dar-lhes um empurrão?
AA - Ó sr. presidente, isso de dar empurrões é para a oposição!
(Risos)
CV - É para o sr. Abreu se ir habituando. Parece que vai candidatar-se com eles!
(Risos de CV e AM)
AM (para AA) - Em quem vai votar para presidente do partido?
AA - Ainda não sei. Vou esperar até ver quem tem mais hipóteses de ganhar. O Cirilo já tomou posição, mas não sei se é seguro...
AM - Não se pode facilitar, podemos dar um tiro no pé.
CV - Então... estão calados há tanto tempo. Vamos comer ou não?
Ouve-se depois um barulho de uma porta a bater, ruídos de carros e passos, uma nova porta a abrir e fechar e, finalmente, barulho de pratos e a Roseira Enxertada, mas sem o Zé Amaro.
Nota: Para saber mais sobre a história do braço direito e braço esquerdo, ver o link:
Anatomia de Veiga